25 junho 2021

«SABÚ»: DE ASSALTANTE DE BANCOS A FUTURO «GRANDE EDUCADOR» DO CAMPESINATO

25 de Junho de 1971. Também Sexta Feira. A edição daquele dia do Diário de Lisboa assumia um formato vincadamente tablóide e dava destaque e desenvolvimento às peripécias a respeito da captura dos assaltantes a uma agência bancária lisboeta, um assalto à mão armada que tivera lugar ainda no princípio da semana. No meio das irrelevâncias, que iam de umas bolas de ping-pong ao destino que alguns assaltantes dariam ao seu quinhão do dinheiro roubado, um dos cinco participantes consegue captar as simpatias de quem escreve a reportagem e é brindado com uma caixa especial para falar do seu caso. «Sabú» mora no Bairro Alto e é tido por um rapaz popular, «bate-chapa, residente num quarto alugado na Rua da Atalaia, 179-2º, onde vive na companhia de uma rapariga» (sugestão que talvez não trabalhasse muito na oficina?...). De todo o modo, quem abona em seu favor é o seu barbeiro que até lhe cortou o cabelo uma hora e meia depois do assalto.
Não se sabia na altura, mas «Sabú» não era pessoa para se ficar por aqueles quinze minutos de fama. Apesar dos juízes não se terem deixado impressionar pela reputação que granjeara no Bairro Alto, e de ele ter cumprido pena de prisão pelo assalto, quatro anos depois já o tínhamos cá fora. Abandonando o assalto a bancos, «Sabú» mudara de ramo, mas retinha aquela sua vocação para o estrelato. Podemos apreciá-lo abaixo a capitanear a ocupação da herdade Torre Bela em Abril de 1975, ocasião em que é um dos protagonistas de um dos mais emblemáticos diálogos dos tempos do PREC. «Sabú» já nos deixou, infelizmente, há uns seis meses, mas em quase nenhum dos obituários que assinalaram a sua morte, se assinalou este outro seu momento de fama, em que, por assim dizer e apesar do anacronismo de lhe atribuir uma ideia que só lhe ocorreu anos mais tarde, ele entrou de farramenta assestada por uma agência bancária dentro, tentando convencer os circunstantes que todo o dinheiro que ali estava era da comprativa...

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