13 abril 2019

O CENTENÁRIO DO MASSACRE DE AMRITSAR


13 de Abril de 1919. Depois do fim da Grande Guerra, as elites indianas esperavam dos britânicos a concessão de um estatuto de autogoverno que os equiparasse, de alguma forma, aquele que era usufruído pelos Domínios do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia ou da África do Sul. O investimento que os indianos haviam feito na causa imperial durante a guerra - 1.440.000 soldados mobilizados, cerca de 65.000 mortos - esperava por esse retorno. Só que as autoridades britânicas não queriam nem ouvir falar em tais reivindicações. Refira-se que cerca de 450.000 desses indianos haviam sido recrutados no Punjabe, uma região fértil do Norte da Índia (Punjabe quer dizer cinco rios), onde coexistiam três das grandes religiões da Índia: muçulmanos, hindus e também sikhs. Em Amritsar, capital religiosa desta última confissão, a 13 de Abril de 1919 (um Domingo) dava-se a coincidência de se concelebrar o festival de Ram Naumi por parte dos hindus com o dia de Baisakhi, que era o primeiro dia do Ano Novo sikh. A cidade estava apinhada, abrigando cerca do triplo do que seria a sua população normal de 160.000 habitantes. O ambiente era tenso e a atenção policial era intensa mas o exercício de prepotência mortífera a que as autoridades britânicas se dedicaram teve todo o absurdo que esta reconstituição acima demonstra (foi retirada do filme Gandhi). Mais do que a brutalidade e as vítimas (379 mortos e 1.100 feridos, segundo os números oficiais), as consequências políticas para a presença britânica na Índia foram arrasadoras, ao fazerem desaparecer os moderados entre o movimento nacionalista indiano, aqueles que ainda estariam dispostos a negociar com as autoridades coloniais uma transição pacífica e progressiva da Índia até a um estatuto equivalente ao dos outros Domínios. Os 28 anos que decorrerão até à independência serão um contínuo braço de ferro com os nacionalistas a forçar o calendário dos acontecimentos.

Sem comentários:

Enviar um comentário