28 novembro 2013

LIÇÕES DA HISTÓRIA: O DRONE E A BESTA

Por muito que não se queira, porque a ignorância da História é endémica, está-se sempre a vê-la repetida. Um dos exemplos mais recentes é a causa que se insurge contra o emprego dos drones de ataque (abaixo) contra alvos humanos. A esse propósito, a ONU terá lançado até uma investigação sobre a sua utilização, iniciativa que tem alvos óbvios dado que os seus operadores conhecidos em situações de combate são os Estados Unidos, o Reino Unido e Israel. Os drones tornaram-se na última década numa arma privilegiada da contra-guerrilha, conferindo um carácter muito mais simétrico a esse tipo de conflitos.
Os argumentos dos que querem proibir o seu emprego podem sintetizar-se: a) que os ataques dos drones costumam provocar baixas colaterais civis; b) que a facilidade do seu emprego (é operado por controlo remoto) é um incentivo à opção pelas medidas mais extremas; c) que é contrário às leis internacionais. Costuma ser neste momento da argumentação que, quem a conhece, se lembra da história da besta, arma medieval que, invocando causas muito semelhantes (e igualmente irrelevantes face à lógica da guerra), se viu proibida pelo Segundo Concílio de Latrão (1139), pelo menos nas guerras travadas entre cristãos.
Adivinha-se a continuação, de como todos os países europeus se estiveram marimbando para considerações morais sobre a besta ser uma arma indigna que matava à distância, sem dar ao alvo a possibilidade justa de se defender. O que lhes interessaria mesmo era a sua eficácia e o poder de fogo que poderia conferir aos exércitos mesmo com operadores não profissionais, os besteiros do conto como eram conhecidos em Portugal, objecto de recenseamento regular para aquilatar da nossa capacidade de defesa. A besta só desapareceu do arsenal quando foi substituída com eficácia pelas armas de fogo.

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