12 outubro 2012

AH FOI?...

Já lá vão muitos anos, a Piaggio procedeu a um rejuvenescimento estético da sua Ape 50, uma motorizada carrinha (acima) dedicada a uma clientela muito específica, conforme se percebia pelo anúncio televisivo: numa ignorada estrada alentejana um pachorrento condutor de uma delas era interceptado por um guarda da BT.
Bonito… – resmungava o guarda.
E confortável! – exaltava o condutor.   
E os faróis?...
São dois!
– …pois. E a carta?
Oh chouguarda…, atão ê fiquei de lhe escrever, foi?... 

Ocorreu-me o quanto se precisa deste mesmo espírito de desentendimento malicioso para comentar a notíciada atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia. …Da Paz? Então a União esteve (ou está) à beira de uma Guerra, foi?...
 
Mais a sério, reconheça-se que o projecto europeu, iniciado em 1958 e de que a actual União Europeia é herdeira, foi responsável pela criação de um ambiente pacífico que o  continente não conhecera até então. O que se questiona é a oportunidade desta atribuição precisamente agora, ao fim de mais de 50 anos. Entretanto, o projecto também já mostrou os limites das suas capacidades: durante a década de 90, a Jugoslávia desagregou-se de forma sangrenta perante a impotência da União mais as políticas externas autónomas dos seus membros mais poderosos. Será este gesto da concessão do Nobel, entre outras intenções, um estímulo para que a União tente gerir de forma pacífica outras secessões que se anunciam, como a da Catalunha e a da Escócia?...

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