24 junho 2012

STALIN, O AVOZINHO

 A fotografia acima foi publicada na primeira página do Pravda em Junho de 1936, quando se estava ainda nos primórdios da era que viria a ser conhecida como Yezhovshchina, época em que 724.000 quadros soviéticos foram condenados à morte e executados. Mas a imagem que nos é transmita por Stalin nessa fotografia situava-se nos antípodas desse ambiente, empunhando um ramo de flores e abraçado a uma rapariguinha de seis anos que se chamava Engelsina (Gelya) Marzikova. A fotografia fora tirada durante uma recepção a uma delegação regional do partido comunista da República Socialista Soviética Autónoma da Buriácia, região que faz fronteira com a Mongólia e o pai de Gelya, Ardan Marzikov, era o segundo secretário local do partido.      

Não era apenas Stalin armado em avozinho, era um avozinho que mostrava simpatia por uma das minorias étnicas do império soviético. A cena tornou-se famosíssima, projectada nos noticiários de todas as salas de cinema (acima), afixada em cartazes por todo o lado (abaixo), chegou mesmo a ser esculpida! Porém, o que a torna mais interessante pelo seu simbolismo é a história posterior da infeliz Gelya Markizova. No ano seguinte e por causa da Yezhovshchina o seu pai foi preso e fuzilado, a mãe também foi presa e desterrada para o Cazaquistão, onde veio a morrer em circunstâncias misteriosas em Novembro de 1940. Aos dez anos, órfã e aos cuidados de uma tia, Gelya Markizova mudou-se para Moscovo, alterando o nome, conseguindo desaparecer de circulação

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