Esta é uma publicação compósita, resultante da junção de duas, embora o facto que as une seja o falecimento há precisamente quarenta anos - 25 de Janeiro de 1982 - de Mikhail Suslov, a eminência parda ideológica da era Brejnev na União Soviética. Mas, para explicar melhor esse assunto e quem foi Suslov, recuperei um texto que aqui havia publicado anteriormente (mais abaixo). Esta outra primeira parte do texto refere-se mais especificamente à data do falecimento, e à notícia que - com destaque de primeira página (acima à esquerda) - o Diário de Lisboa obviamente dá ao assunto. Aquilo que terá escapado, porventura, aos leitores do jornal, é que, naquele mesmo dia do falecimento de Suslov, o jornal publicava esta notícia abaixo, em que, de Pyongyang, na Coreia do Norte, regime reputado pelo seu socialismo, se «confirmava» que o sucessor de Kim Il Sung iria ser o seu próprio filho. Com um descaramento aldrabão de um marxismo-leninismo que talvez orgulhasse o defunto, o artigo dedicava um prolongado parágrafo a explicar que aquela sucessão era «ao contrário das monarquias»!... Ligando os dois assuntos, era um bom momento para especular o que é que a interpretação das aprofundadas leituras de Mikhail Suslov sobre o legado teórico de Marx, Engels, Lenine e outros, poderia ter para nos dizer...
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Há personalidades da nossa história moderna, feita de imagens, que se tornaram marcantes por termos ouvido falar delas muito antes de as conhecermos. Foi o que me aconteceu com Mikhail Suslov (1902-1982), reputado por ter sido a eminência parda por detrás do Kremlin durante os dezoito anos da Era Brejnev (1964-1982), e que só vim a conhecer em fotografia muitos anos depois da sua morte. Talvez para compensar, incluí neste poste três fotografias suas tiradas em décadas distintas, 1950, 1960 e 1970.
A mais antiga parece-me ser a mais genuína, onde os óculos mais acentuam a sua imagem de teórico e ideólogo nas altas esferas do Partido, apoiando a ascensão ao poder de Nikita Khrushchov (1954-56), protagonizando o afastamento do Marechal Jukov sob acusações de bonapartismo (1957), desempenhando um papel com tanto de importante quanto de obscuro quer na Cisão Sino-Soviética (1960) como, sobretudo, nas manobras de bastidores que levaram à substituição de Khrushchov por Leonid Brejnev (1964).
Depois disso, Mikhail Suslov, acima fotografado já sem óculos, para lhe dar uma pose mais parecida com um homem de estado, tornou-se na prática na segunda pessoa mais poderosa da hierarquia soviética, com uma selecta rede de contactos e protegidos, onde se contavam russos como Yuri Andropov, que viria a ser o sucessor de Brejnev, e estrangeiros como Álvaro Cunhal que excepcionalmente – considerando o seu carácter… – permitia que em Portugal o PCP desse divulgação a essa relação de favoritismo.
O clã dominante envelheceu no poder. Mikhail Suslov recebeu por duas vezes a distinção de Herói do Trabalho Socialista, que era a mais importante condecoração civil da União Soviética. Respeitado intelectualmente e tido como incorruptível mas, ao mesmo tempo, como profundamente conservador, apesar de ser extremamente discreto, sempre foi um dos dirigentes soviéticos favoritos dos sovietólogos, especialistas do período da Guerra-Fria que, no Ocidente, faziam vida da interpretação dos sinais vindos do Kremlin…
Depois disso, Mikhail Suslov, acima fotografado já sem óculos, para lhe dar uma pose mais parecida com um homem de estado, tornou-se na prática na segunda pessoa mais poderosa da hierarquia soviética, com uma selecta rede de contactos e protegidos, onde se contavam russos como Yuri Andropov, que viria a ser o sucessor de Brejnev, e estrangeiros como Álvaro Cunhal que excepcionalmente – considerando o seu carácter… – permitia que em Portugal o PCP desse divulgação a essa relação de favoritismo.
O clã dominante envelheceu no poder. Mikhail Suslov recebeu por duas vezes a distinção de Herói do Trabalho Socialista, que era a mais importante condecoração civil da União Soviética. Respeitado intelectualmente e tido como incorruptível mas, ao mesmo tempo, como profundamente conservador, apesar de ser extremamente discreto, sempre foi um dos dirigentes soviéticos favoritos dos sovietólogos, especialistas do período da Guerra-Fria que, no Ocidente, faziam vida da interpretação dos sinais vindos do Kremlin…
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