04 julho 2024

EU NÃO SOU NORTE-AMERICANO, A REVISTA «THE ECONOMIST» TÃO POUCO, MAS HÁ QUE CONVIR QUE APOIADO NUM ANDARILHO «NÃO É MANEIRA DE GOVERNAR UM PAÍS»

«O último debate presidencial foi horrível para Joe Biden, mas o encobrimento que lhe sucedeu está a ser pior. Foi uma agonia assistir a um velho confuso a lutar para se lembrar das palavras e dos factos. A sua incapacidade de argumentar contra um fraco oponente foi desanimadora. Mas a operação dos membro da sua campanha para negar aquilo que dezenas de milhões de americanos viram com os seus próprios olhos é mais tóxica do que qualquer um desses dois aspectos, porque a desonestidade subjacente provoca o desprezo entre aqueles que ouvem as explicações.
A grande consequência foi a de colocar a Casa Branca ao alcance de Donald Trump. Sondagens posteriores revelam que os eleitores daqueles estados que Biden tem de vencer se voltaram contra ele. A sua vantagem pode estar em perigo mesmo em estados antes considerados seguros, como a Virgínia, o Minnesota ou o Novo México.
Joe Biden merece vir a ser lembrado pelo sua actuação e pela sua imagem de decência, não por este seu declínio. É apenas normal que tenham surgido os primeiros políticos democratas destacados a pedir abertamente que ele se afastasse da corrida presidencial. No entanto, aquelas manifestações públicas não serão nada se comparadas a uma onda crescente de consternação que apenas se manifesta em privado. As pessoas têm que se consciencializar que, se não se manifestarem agora, será Trump o vencedor. Para trazer a tal renovação política que a América agora tão claramente precisa, são eles que devem pedir mudanças. E não é tarde demais.
O argumento - correcto - dos democratas é que Donald Trump não tem aptidão para ser presidente. Mas o debate e as suas consequências mostraram é que Joe Biden também não. Primeiro, por causa de seu declínio mental. É verdade que o presidente ainda pode parecer dinâmico durante aparições que sejam curtas e devidamente coreografadas. Mas não se pode administrar uma superpotência apenas com telepontos. E não se pode suspender uma crise internacional apenas porque o presidente padece de jet-lag. Alguém que não consegue terminar uma frase a respeito do Medicare pode ser confiável quando o assunto envolve códigos nucleares?
Pode dizer-se que Joe Biden está inocente do facto das suas capacidades estarem a falhar, mas ele não pode ser absolvido desta sua insistência, instigada pela sua família, pela equipa de topo e pelas elites democratas, de que ele ainda estará à altura do desempenhar a função mais difícil do mundo. A alegação do presidente Biden de que esta eleição é entre o que está certo e o que está errado é destruída pelo facto - prosaico, mas arrasador - de que a existência da sua campanha agora depende de uma mentira.»

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