Se querem saber a minha opinião ao ler esta promoção às «jornadas parlamentares comunistas», acho que é uma grande injustiça para os mais de 40 anos de leais serviços à causa comunista por parte do partido ecologista os verdes. O PEV «foi fundado em 1982 e concorreu sempre às eleições em coligação com o PCP», na função subalterna de partido satélite encarregue dos assuntos ambientais e com a função de fazer com que o PCP se apresentasse a eleições como se fosse uma frente eleitoral, e não o partido per se. O sucesso da primeira parte do expediente não parece ter durado muito, mas, avaliando a duração de 40 anos, terá deixado os seus autores felizes quanto ao sucesso da segunda parte - a da ficção da frente eleitoral. Até ao definhamento eleitoral do partido registado nas sucessivas eleições legislativas da última década, fosse qual fosse o formato: 446.000 votos (2015), 332.000 (2019), 242.000 (2022), 203.000 (2024). Apesar da robustez aparente da expressão acima «...que juntarão os deputados e eurodeputados do partido», está-se a falar de uma meia-dúzia: são quatro deputados e dois eurodeputados. Mas o que me parece verdadeiramente inédito no artigo comunicado acima é o destaque dado a assuntos que canonicamente pertenciam aos verdes - «questões que se prendem com a defesa do ambiente, a protecção do nosso património natural, da natureza, da biodiversidade». Ora esta manobra parece-me uma grande - e injusta - rasteira à Heloísa Apolónia. Depois dos verdes, são agora os comunistas, falhos de outras perspectivas, a quererem fazer-se passar por melancias. É ainda mais triste do que quando eram os verdes a fazê-lo.
É que a imagética tradicional do comunismo está repleta de exemplos do Homem a dominar e domar a natureza, como esta fotografia abaixo de Vsevolod Tarasevich de uma fábrica de cimento soviética em plena laboração em 1954, há 70 anos. E, pelo contrário, não conheço muitas fotografias de propaganda comunista canónica com ninhos de passarinhos, ou outra temática análoga... Mais do que isso: é muito tarde para os comunistas portugueses se reinventarem em outras coisas...