Neste poste gostaria de fazer participar o leitor numa espécie de jogo em que, dando-lhe a conhecer os resultados das eleições realizadas - com um razoável grau de liberdade - em quatro países europeus logo a seguir ao fim da Segunda Guerra Mundial (entre Outubro de 1945 e Junho de 1946), ele tente a partir daí adivinhar de que países se tratam. Para efeitos de identificação, considerarei os partidos como pertencentes a um de três grupos: os da esquerda (comunistas), da esquerda moderada (socialistas ou sociais-democratas) e da direita moderada. Os da direita fascista ou aparentada, evidentemente, haviam desaparecido com a derrota alemã.
Cronologicamente, no país A, das eleições ali realizadas em Outubro de 1945 resultou um fraccionamento em 3 grupos com resultados quase idênticos, com a Esquerda a vencer com 26,2% dos votos, a Direita a seguir com 23,9% e a Esquerda Moderada com 23,5%.
No país B, cujas eleições se realizaram no mês seguinte, a Direita saiu claramente vencedora com uma maioria absoluta de 57,0% dos votos, deixando a Esquerda Moderada, com 17,4%, e a Esquerda, com 17,0%, a grande distância.
No país C, em eleições realizadas em Maio de 1946, foram os partidos da Esquerda a vencer claramente, com 37,9% dos votos, a Esquerda Moderada recebeu 30,3% e a Direita ficou em 3º lugar, com 29,7%.
Finalmente, no país D, já em Junho de 1946, foi a Direita que veio a vencer as eleições, com 35,2% dos votos, enquanto a Esquerda Moderada teve 20,7% e a Esquerda ficou-lhe muito próxima, obtendo 18,9%.
Aparentemente, do que conhecemos da lógica de alianças das regras de funcionamento da democracia, e com a excepção do país B onde a Direita obteve naquela altura uma maioria absoluta de votos, teria competido aos partidos da Esquerda Moderada, situados ideologicamente ao centro das suas formações rivais, o papel de fiéis da balança, privilegiando o rival político à sua esquerda ou à sua direita, conforme o que seriam as suas conveniências. Na realidade, para a evolução e alinhamento futuro de cada um daqueles quatro países nos dois blocos antagónicos a constituir (acima), isso não veio a ter importância nenhuma…
O factor decisivo foi a localização geográfica do país e a protecção da respectiva superpotência ao seu grupo: a soviética à Esquerda, a norte-americana à Direita. O país A é a França; comunistas e socialistas poderiam ter recriado uma Frente Popular como em 1936, mas os socialistas preferiram não o fazer… O país B, apesar da vitória esmagadora do Partido dos Pequenos Proprietários Rurais, tornou-se depois na República Popular da Hungria, e a sua agricultura foi colectivizada… O país C era a então Checoslováquia. A votação obtida pelos Partidos Comunistas (Checo e Eslovaco) foi tão forte que se dispensou a constituição de uma Frente Popular…
O país D é a Itália. Ali, quando depois se veio a formar uma Frente Popular, que poderia ameaçar eleitoralmente a supremacia da Direita (em 1948), os norte-americanos intervieram com financiamentos enormes em prol da Democracia-Cristã de Alcide de Gasperi que ganhou as eleições com 48,5% – veja-se acima a Time da época… Longe da sofisticação destes problemas eleitorais, que não da política de blocos, em Portugal haviam-se realizado uns eventos a que se chamaram eleições em Novembro de 1945, e onde a União Nacional, no poder, ganhara os 120 lugares em disputa... A Oposição apenas pudera apelar para que os cidadãos não fossem votar…
No país B, cujas eleições se realizaram no mês seguinte, a Direita saiu claramente vencedora com uma maioria absoluta de 57,0% dos votos, deixando a Esquerda Moderada, com 17,4%, e a Esquerda, com 17,0%, a grande distância.
No país C, em eleições realizadas em Maio de 1946, foram os partidos da Esquerda a vencer claramente, com 37,9% dos votos, a Esquerda Moderada recebeu 30,3% e a Direita ficou em 3º lugar, com 29,7%.
Finalmente, no país D, já em Junho de 1946, foi a Direita que veio a vencer as eleições, com 35,2% dos votos, enquanto a Esquerda Moderada teve 20,7% e a Esquerda ficou-lhe muito próxima, obtendo 18,9%.
Aparentemente, do que conhecemos da lógica de alianças das regras de funcionamento da democracia, e com a excepção do país B onde a Direita obteve naquela altura uma maioria absoluta de votos, teria competido aos partidos da Esquerda Moderada, situados ideologicamente ao centro das suas formações rivais, o papel de fiéis da balança, privilegiando o rival político à sua esquerda ou à sua direita, conforme o que seriam as suas conveniências. Na realidade, para a evolução e alinhamento futuro de cada um daqueles quatro países nos dois blocos antagónicos a constituir (acima), isso não veio a ter importância nenhuma…
O factor decisivo foi a localização geográfica do país e a protecção da respectiva superpotência ao seu grupo: a soviética à Esquerda, a norte-americana à Direita. O país A é a França; comunistas e socialistas poderiam ter recriado uma Frente Popular como em 1936, mas os socialistas preferiram não o fazer… O país B, apesar da vitória esmagadora do Partido dos Pequenos Proprietários Rurais, tornou-se depois na República Popular da Hungria, e a sua agricultura foi colectivizada… O país C era a então Checoslováquia. A votação obtida pelos Partidos Comunistas (Checo e Eslovaco) foi tão forte que se dispensou a constituição de uma Frente Popular…
O país D é a Itália. Ali, quando depois se veio a formar uma Frente Popular, que poderia ameaçar eleitoralmente a supremacia da Direita (em 1948), os norte-americanos intervieram com financiamentos enormes em prol da Democracia-Cristã de Alcide de Gasperi que ganhou as eleições com 48,5% – veja-se acima a Time da época… Longe da sofisticação destes problemas eleitorais, que não da política de blocos, em Portugal haviam-se realizado uns eventos a que se chamaram eleições em Novembro de 1945, e onde a União Nacional, no poder, ganhara os 120 lugares em disputa... A Oposição apenas pudera apelar para que os cidadãos não fossem votar…
Contra factos inequívocos, não adianta muito argumentar, mesmo que subsistam algumas questões de pormenor, como:
ResponderEliminarO Estalinismo tinha sido assustador; a Máfia, ontem como hoje,e o Vaticano, idem, existiam e influenciaram(-se) e de que maneira, etc.
Adenda: As eleições aqui são certamente o parágrafo trágico-cómico do post.
(Já respondi-acho eu- à sua questão do outro post)
JRD, não houve eleições aqui.
ResponderEliminarÉ a partir daquele momento histórico que a minha discordância com a descrição da carreira política de Salazar feita por Jaime Nogueira Pinto passa a ser total...