![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjidf67osqcWON1ATD5UdtUOnDK8nPh4YTI6G-vSoBgdaFCfN2mXTz5mW61IfTiv6yBfgeqxZxY-19X5jUzUufoRTx_1dUGx6Iueo0pbc5_gJ_zMe-DnhDbhF0YZ6ywXesBnr9Xdw/s400/Paris1848b.jpg)
Ainda a propósito da evolução do poder da rua tratado pelo
poste anterior, vale a pena regressar ainda ao tema das barricadas que, apesar de se terem tornado cada vez mais obsoletas à medida que o combate entre
autoridades e
revoltosos se tornava mais assimétrico, mesmo assim continuaram a ser erigidas, mais por causa do seu significado político e pela sua capacidade de motivar os
revolucionários (alguém mais cínico poderia utilizar a propósito a expressão
terapia ocupacional…) do que pela sua verdadeira utilidade no combate urbano.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOnShz3DC-iQMM_9JkUbnu3ZRxRsy1UDomNJeofpNLhZVH7J6itOq6H56GsxFMb8fJuyhOBptyX0yzy_wmw2IxV-u8I26GXmYNv9ntQj68-qAdJ30CMKDtcduRAwa1rQZUtGazLg/s400/BarricadaParis1871.jpg)
Para comparar com o
daguerreótipo de 1848 do início, vejam-se agora mais três fotografias de barricadas em Paris em datas posteriores: de cima para baixo, na
Comuna de Paris em 1871, na sua
Libertação em 1944 e durante os acontecimentos de
Maio de 1968. No primeiro caso, pode ver-se uma peça de artilharia defendendo a própria barricada, comprovando como as velhas tácticas de infantaria das revoluções de 1848 já haviam sido ultrapassadas. Na de 1944, nota-se uma atitude vigilante mas também de certa forma
descontraída da sua
guarnição.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrQZtj9zxuNc2Hnw92HvcHWIHlyRW8BhHJUDXF6IVeLQKuQEspaF4lpyWuVvaw5t8yRwccPXgV6CtIcGOwlVkKiJ-7ERxf8x97Fp8Jt_9LHZS3SofCsbwt1cUsPITVfG8OZ8QwTg/s400/BarricadaParis1944.JPG)
Para perceber a evolução técnica que ocorrera e a superioridade dos ocupantes alemães face aos insurrectos da resistência francesa naquele momento diga-se que os primeiros contavam apenas com cerca de 20.000 efectivos (de onde uma esmagadora maioria deles eram
administrativos) para controlar a região da Metrópole parisiense que rondava então os 4 milhões de habitantes. Mas, mesmo sendo tão poucos, possuíam 20 carros de combate e artilharia e eventualmente poderiam pedir o apoio da aviação, meios que a resistência não dispunha…
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl_2jEJr9_9KkvKsdgOBlVwXRYhrZyMenW8ukEQRw3LPpA95thexZvunquc8lxTwUx3UzwHdNnKfb8-0RsG0P9Yli0fjgh535VMGmE-XuPBVxfa5edgfTPrQjYCuSWAKOwhOmJmA/s400/BarricadaParis1968.jpg)
Nas sociedades modernas a construção de uma barricada veio a tornar-se num elemento mais
decorativo do que útil. Não travaram os blindados
em Budapeste nem em Praga e as de Paris em 1968 nem sólidas pareciam que a violência dos contestatários era propositadamente contida para não fornecer às autoridades pretextos para uma escalada. Na actualidade, abandonaram-se as barricadas quando se descobriu que, para
bloquear uma ofensiva da autoridade, bastava apenas uma pessoa e algumas máquinas fotográficas em redor…
E, por vezes, nem é preciso a pessoa deitar-se na rua frente ao tanque, digo eu.
ResponderEliminar:))
Uma síntese muito útil daquilo a que as chamadas convulsões sociais costumam produzir.Espero que não seja premonitória, portanto um aviso, embora se estejam a reunir todos os condimentos para o ser.
ResponderEliminarLS.
Gostei muito do texto e mais ainda do seu blog! Tenho certeza que, a partir de agora, vou ser um leitor assíduo de suas matérias.
ResponderEliminarUm abraço,
Márcio.
http://geografiaetal.blogspot.com/