25 junho 2024

«CAPITÃO DE ABRIL, CONSTRUTOR DA DEMOCRACIA, COMBATENTE PELA PAZ»... MAS TAMBÉM "DESTRUIDOR" DO REGIME NOVEMBRISTA

25 de Junho de 1984. Por ocasião da realização do 2º Congresso Regional da UDP no Machico (Madeira), o dirigente nacional Mário Tomé destacava-se pelo tom inflamado e radical do seu discurso opinando que a única saída para a situação política económica e social de então seria «a destruição daquele regime reaccionário novembrista» (referência ao 25 de Novembro de 1975). A solução seria a instauração em Portugal da «República Popular», única que «permitiria ao povo a mais ampla liberdade para se organizar e lutar». Também se mostrava contra a presença de Portugal na NATO e contra o FMI, já que, segundo ele, «o povo português não devia nada a ninguém e era, isso sim, vítima há muitos e muitos anos da roubalheira e das negociatas dos burgueses com os estrangeiros». Enfim, trata-se de um conteúdo capaz de ombrear em despropósito e disparate com aquelas coisas que agora se ouvem a André Ventura. O folclore da asneira transferiu-se da extrema esquerda para a extrema direita nestes quarenta anos. E, no entanto, ainda aqui há cinco anos, os do Bloco de Esquerda (Catarina Martins) iam recuperar este mesmo disparatado Mário Tomé, numa manobra de lhe conferir estatuto de veneranda figura, branqueando-lhe estes discursos do passado e dando-lhe epítetos bonitos - capitão de Abril, construtor da democracia, combatente pela Paz - num gesto de amnésia que teve tanto de ridículo, quanto de despropositado. Nunca esqueçamos que a grande virtude da Democracia é aceitar todos estes cretinos - e classificá-los pelo que eles são: cretinos.

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