![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS4EXcUdiHfI9RXjJY8O3H85ZdbZyoV5RySDUIboiLZurMHY60FFd5fN0QZhwUhGzusRAgrk9akRRvYMVfwF__jqNFcOZlmybdLZfRkvGrkdkyjSS6g3ADYRL07_G7Kcd8x187xQ/s320/KentStateMassacre.jpg)
A fotografia sobre o estudante morto a tiro quando se manifestava não é uma fotografia da Guerra do Vietname, mas uma fotografia que ficou associada à Guerra do Vietname. É uma espécie de gesto de reconhecimento que, mesmo os que não participaram mas se envolveram na Guerra, também tiveram as suas baixas. A fotografia data de 4 de Maio de 1970 e foi tirada na
Universidade Estadual de Kent, no estado norte-americano do Ohio, e é a terceira maior universidade do estado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfNTqQ18F1vi8ndSCWSm0pUReW__Y4hOR0RC2BuFKdqKWkg507-DGhXIxrXhBHVbEatpGQADEMdPmPMAF99M6GA1RUnK29hIqEtAsgCILBHjgY1VFGi0o_7k9rTKxYi3qTtW412g/s320/Kent1.jpg)
O
acontecimento que projectou uma universidade secundária para as primeiras páginas dos noticiários foi um enorme percalço numa cadeia de acontecimentos que se enquadravam numa campanha nacional universitária de protesto contra a Guerra do Vietname que fora marcada para os inícios de Maio desse ano, e que se havia reforçado inesperadamente (a 30 de Abril) com o reconhecimento público pela Administração Nixon do alastramento do conflito ao Camboja.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOiAREu4ajJtQv7pxRDGH13p0kRQyNfd2RlhA7gRcorU_bTDv_UWhsbw2D_j6tfh0LX8nfbLxLiqr4DQucT4UyWRQXSfzle_fd1V09hlhh98e5IObB442tiSTUHXECv02aWUmFRA/s320/TrilhaHoChiMinh.jpg)
Desde sempre que se travava uma guerra oculta no Camboja e no Laos. Esses dois países albergavam corredores de reabastecimentos por onde passava grande parte do apoio logístico aos guerrilheiros do
Vietcong e às tropas norte-vietnamitas (acima - a
trilha Ho Chi Minh) que combatiam no Vietname do Sul. Só a conveniência política das duas partes impedia que o facto fosse assumido. Escandalizar-se devido ao reconhecimento dessa evidência só se podia dever a ignorância, ingenuidade ou hipocrisia…
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A verdade é que as manifestações ganharam uma dinâmica suplementar com o anúncio da invasão do Camboja. As responsabilidades pelo que veio a acontecer começam por assentar nas pessoas da fotografia acima. Uns, os civis, por terem solicitado a presença dos soldados da Guarda Nacional, outro, o militar, por não os ter sabido controlar. Neste caso, a fotografia do estudante abatido (chamava-se
Jeffrey Miller) sintetiza bem o que aconteceu: 4 manifestantes foram mortos a tiro* quando fugiam do gás lacrimogéneo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg821JWZpTdDtDgRBsyn9kh_AyB_Z4s1e2MKgNAhO4lks-isgO_s3qbq_-b-pXtMDdaIrX3gw6-zImEE5kIyOAe6vxwMjrexTWV86walUXO9qA3vK0E9KhBivYrkYsm5xxIdsIQvQ/s320/Kent5.jpg)
O comportamento dos militares foi indesculpável: apurou-se depois que os mortos estavam entre os 80 a 120 metros de distância dos atiradores… Mas todo este episódio deveria ter sido evitado não fosse uma ideia errada que já repetida vezes demais. A esmagadora maioria dos militares** são treinados para lidar com um inimigo e para neutralizá-lo de qualquer forma… Em democracia, o exército não pode ser entendido como se fosse uma espécie de
polícia musculada para situações mais complicadas…
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmXUGzhXPR5Wb4Vi6wD6WEa0u2BUUFnH2A5Pf_3NVLDEopqGICaVU7g4B1fEw6Bmixybj0GEFIEOC_kljnYlHpVDZf9Gs_kNLW5_EXLk8CGbouC2ucrATZ7oIsFUkpRrUopxoYwg/s320/Kent9.jpg)
Há unidades de polícia de choque, outras de polícia de intervenção, há mesmo grupos especiais de combate para situações envolvendo reféns, mas confundir funções policiais com funções militares – como aqui aconteceu – é esperar que os soldados esqueçam ou improvisem sobre a natureza do treino que receberam… e isso costuma dar mau resultado.
* Houve também nove feridos – um deles ficou paraplégico.
** Apesar de haver uma especialidade de Polícia Militar.
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