28 de Maio de 1991. As imagens que chegavam nesse dia às cadeias internacionais de televisão mostravam carros de combate de concepção soviética (T-54/55) a evoluir numa paisagem urbana afrontando uma resistência que se mostrava esporádica. Era um fim de regime, defendido sem muita convicção e, apesar de uma coreografia bem mais desorganizada, as imagens possuíam estranhas semelhanças com o que acontecera 16 anos antes em Saigão, no Vietname do Sul. Só que a cidade desta vez era Adis Abeba na Etiópia, e o que colapsava era o regime comunista do DERG, fundado em 1974 e que edificara a República Popular Democrática da Etiópia. Este outro nome oficial da Etiópia era, só por si, todo um programa político, e quando aqui no Herdeiro de Aécio expliquei o que fora o DERG, não me esqueci de assinalar quanto a história portuguesa daqueles anos (1974-91) se poderia ter assemelhado à etíope no caso - improvável, mas possível - da ala gonçalvista do MFA ter triunfado no Verão Quente. Felizmente não foi, que isto de ter uns militares radicalizados a construir a sua concepção de socialismo à sua maneira não costuma ser lá muito bem sucedido. Mas, para o que interessa em termos de efeméride, é que há precisamente 30 anos, os rebeldes etíopes (e eritreus) penetravam na capital Adis Abeba para derrubar o regime e os seus símbolos (abaixo, uma daquelas tradicionais estátuas de Lenine...). As imagens de Saigão são conhecidíssimas, estas, porque não mete americanos, e apesar de igualmente simbólicas (do colapso do comunismo), ninguém as conhece.
Esta última imagem do derrube de Lenine em terras africanas deixa-me uma questão hipotética: Será que o tal regime hipotético do MFA, encabeçado por Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho, Varela Gomes, Diniz de Almeida, Duran Clemente, Eurico Corvacho, Mário Tomé, Matos Gomes, Ramiro Correia, etc. também edificaria uns monumentos a Lenine em terras lusitanas?... O que se pode dizer é que parecia imprescindível que um país comunista tivesse uma coisa daquelas: os cubanos, por exemplo, têm três...
Sem comentários:
Enviar um comentário