![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYHVFENYTwbCO0_waD_q5rbC85RwxuxB5IuLMZeuI23TJ4k98fw6NNqpBN6WAzev5izKSAVRLPKa_vgA9G3tgwuNDfW5abjn5Rzv_6wB1pUHX2joq-l7X833hVJRc-jSH3uFjk/s400/Invas%C3%A3odeGranada1983.jpg)
O equivalente norte-americano à
Guerra Anglo-Zanzibar de 1896 do
poste anterior terá sido a
Invasão de Granada em Outubro de 1983. O governo granadino incorreu num trilho ideológico que
desagradava a Washington e, sobretudo, os Estados Unidos necessitavam de uma operação militar no estrangeiro que os reconfortasse depois do fiasco com que
terminara a Guerra do Vietname (Abril de 1975), depois do fiasco da
operação de resgate dos reféns norte-americanos aprisionados em Teerão (Abril de 1980) e do recentíssimo (48 horas) fiasco do
ataque terrorista aos aquartelamentos do destacamento de Marines em Beirute, no Líbano (23 de Outubro de 1983), que acabara de lhes custar 241 mortos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHA5SpdXxxJmFsFkOwe_pJImg9t2s4qRGHp5KE8UM-C19pOw6eIxQmVMI0G7DZonqL7sX6R8CPKMX6Afgbj1qX09EJ0QT6a7fEWPgZlQNvBvqVTYqkr8aDc7hhwxJQvlBgjZJs/s400/Invas%C3%A3odeGranada1983b.jpg)
Neste caso da
Invasão de Granada, os riscos quanto ao desfecho da Operação (que foi baptizada de
Fúria Urgente) eram, por assim dizer,
inexistentes: os invasores possuíam uma superioridade de 5 para 1 em efectivos e talvez de 25 para 1, senão mesmo mais, em potencial de combate. Mas, diferente do que aconteceu em Zanzibar, mais do que a celeridade com que a operação terá decorrido, o que veio a tornar-se histórico nela foi o cuidado com que os militares controlaram, com sucesso e pela primeira vez, o acesso à informação. Sendo uma ilha e tendo estabelecido um bloqueio naval em seu redor, só através deles é que, dessa vez, todos aqueles grandes órgãos de informação tiveram condições de informar a opinião pública.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvUTB3SCu1BeeRLtktEM-8NZMrH6GIfJcM9S7KGmrx9W0oUOLaP7S6YVfeQlbiACTxHEw64YJmYot88Jq1fFOcAoikNxqULocFax3nifcKrXt4-530SHLLITa8nUWMocNlkWUE/s400/Invas%C3%A3odeGranada1983c.jpg)
De Granada não haverá nenhuma daquelas típicas fotografias instantâneas que marcaram a
Guerra do Vietname, nem depoimentos individuais muito
desalinhados com os relatórios oficiais da operação. Mesmo actualmente, aquilo que se pode ler sobre a invasão é parcialmente inverosímil: que os combates terão durado vários dias
(!) e que se saldaram pela morte de 19 militares norte-americanos versus 45 granadinos e 25 cubanos (era indispensável mostrar a presença de forças cubanas…), além de um número
indeterminado de civis (24+). Mas o mais importante foi que o que (não) esteve a acontecer em Granada esteve a servir para
abafar mediaticamente as operações para desenterrar os 241 mortos de Beirute (abaixo).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDBdam64UDr2yvJEh5X1P6C3-fsvGznTeOC3g4-qsn9TV5S6Cp9TE8Q5wneQDENQ_bMDbFR1J0i93d-NeuXFs9H-CW9H_TfNpGanOv2wdO9DRZJfmNtHjZIZA5HtanAAP8yjKf/s400/BeiruteOutubro1983.jpg)
Ficou a lição aprendida. Presentemente, para qualquer operação militar que os norte-americanos realizem no exterior, o importante não será tanto o que se passou ou estará a passar no terreno, porque o fundamental é a gestão de como a sua opinião pública doméstica é
alimentada. É assim que a intervenção dos Estados Unidos na Somália (Dezembro de 1992 a Maio de 1993) pode ser
apresentada como um sucesso! E é essa gestão que se terá tornado a preocupação principal das próprias forças armadas norte-americanas quando elas se envolvem em situações
delicadas no exterior – Iraque, Afeganistão, Balcãs, Iraque… – sabendo-se que, como regra, a opinião pública só
aguenta com um
Teatro de Operações de cada vez…
A gralha simpática
ResponderEliminarvai tirar fotos a Copenhaga