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Há quem ainda hoje não compreenda a decisão tomada pelo Alto Comando alemão de pedir um armistício aos Aliados, que lhes foi concedido em Novembro de 1918, quando o Exército alemão ainda continuava a ceder terreno, mas sem ter sido derrotado e sem que os Aliados ainda tivessem entrado em território alemão. Mas, na minha opinião, esta antecipação de um acontecimento que sabia inevitável foi uma das decisões políticas mais relevantes e inteligentes de
Erich Ludendorff, o
cérebro – como Vice Chefe de Estado Maior e Quartel Mestre General – por detrás da máquina de guerra imperial alemã.
Falhadas as Ofensivas alemãs do primeiro semestre de 1918, o tempo estava a trabalhar em favor dos Aliados, com o aumento da participação do Exército norte-americana na Guerra. Sabendo-se o que aconteceu na altura, é muito menos conhecido aquilo que estava previsto acontecer. Explicado com alguns exemplos e números, os americanos – que tinham entrado na Guerra em 1917 – passaram 1918 a construir as infra-estruturas logísticas em 9 portos franceses (Le Havre, Cherbourg, Brest, St. Nazaire, Les Sables d´Olonne, Rochefort, Bordéus, Bayonne e Marselha) para a recepção e expedição para as frentes de combate do material chegado dos Estados Unidos.
Traduzido em números, a capacidade de carga e transporte desses portos (apenas na parte que seria exclusivamente destinada aos norte-americanos) passou de 10.000 toneladas diárias em Abril de 1918, para 30.000 em Novembro desse ano, e estava previsto que essa capacidade tornasse a triplicar (para as 100.000 toneladas) até meados de 1919. Em efectivos, os Estados Unidos tinham 5 divisões em França em Março de 1918, que já eram 42 em Novembro, de um total que rondaria as 100 que estariam previstas colocar em França em Dezembro de 1919, o que totalizaria cerca de 3,5 milhões de homens em armas (apenas em França).
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Como medida de comparação, ao terminar a guerra em Novembro de 1918, os efectivos
globais dos seus principais aliados eram (em milhões) de 2,8 (França), 2,3 (Reino Unido) e 2,2 (Itália). Os da Alemanha, em princípios de desagregação e mais difíceis de estimar por isso, oscilariam entre os 5,5 e os 6 milhões. Não é difícil de prever o que teria acontecido em 1919: a participação americana na Guerra ter-se-ia demonstrado ainda mais decisiva para o seu desfecho. A decisão de Ludendorff poupou aos alemães muitas humilhações mas também foi aproveitada por franceses e britânicos para se arrogarem depois um falso estatuto de Grandes Potências em paridade com os Estados Unidos.
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Do lado positivo, graças ao gesto de Ludendorff, muitas vidas terão sido naquela altura poupadas. Mas, como dizia um seu compatriota (Clausewitz), a vitória militar obtém-se quando se retira ao inimigo a vontade de combater. Ora aqui, parece ter-se ficado mais com a impressão que essa vontade foi mais cedida do que retirada. Adolf Hitler e, com ele, muitos milhões de alemães nem perceberam como haviam sido justamente derrotados e passado ao lado de uma humilhação ainda mais violenta. Em Maio de 1945, no meio das ruínas de Berlim, era visível que os vencedores daquela vez já não haviam repetido o mesmo erro político...
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