10 abril 2020

OS BOMBISTAS QUE FORAM CONDENADOS E A «CAMPANHA OMO» QUE SE SEGUIU...

10 de Abril de 1980. Após vinte sessões de julgamento que decorreram ao longo de quatro meses, o tribunal criminal de Lisboa condena os antigos dirigentes do PRP-BR, Carlos Antunes e Isabel do Carmo a, respectivamente, quinze e onze anos de prisão. O réu, como seria de esperar, qualificava a sentença de «política e digna do tribunal plenário dos tempos do fascismo, onde se sentenciavam os réus sem provas». A ré, acrescentaria que haviam estado «quatro meses numa farsa em que tudo fazia lembrar os tribunais do antigamente». A notícia do Diário de Lisboa (acima) era apenas um exemplo da parcialidade de como o acontecimento era coberto: em nenhuma passagem da notícia aparecia a palavra terrorismo, de que constava a acusação aos réus. Depois desta condenação prosseguirá uma campanha de branqueamento dos assaltos à mão armada e atentados à bomba (e outros crimes...) cometidos pela organização dirigida pela dupla, numa campanha que será digna de um conhecido anúncio a um detergente...
...para tudo ser rematado 24 anos depois, com o presidente da República de então a condecorar a ré. Parece uma piada, mas não é. É uma certa concepção de sociedade que parece subentender que, se os actos tiverem sido bem intencionados - e são os próprios a definir se o são ou não... - então eles não devem ser julgados pelas suas consequências...

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