![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ7B1-KmqLCsOrn-Qkl_tEuF7qfj5ZsEFgiIG05D9jy4a8SEawVj5FSLslEcvxbox9tqpLhiIGNC3qk7tJS5L8w3zVpFE1kuSTThm4beV8F-EtFw4ZajpbvFYkr694p8wrzA3O/s400/PCPPCF74.jpg)
O alinhamento estratégico de Portugal durante a Guerra-Fria, consequência da sua localização geográfica, fazia com que, mesmo depois do 25 de Abril, o
PCP fosse um partido que estava naturalmente isolado, pertencendo a um país da Europa ocidental mas com os seus aliados concentrados no Leste. Uma das formas encontradas para contrariar essa situação em termos de imagem era a promoção de
eventos intitulados
Comícios de Amizade envolvendo a presença de algum convidado destacado de um
partido irmão proeminente, conforme se pode apreciar nestes três cartazes.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCOKxBpx-YDEOPosA2e0yvGqEe_dDgjceB8uXkYoDhX2tnWOilVcJrgv_Xlo33PRfI7nUjo4k6xeP5mZMENWzjnqfGoK48KoFu4RL2-koMnm6WAxlXEJIctQfhj3fEDrSc1Nb1/s400/PCPPCUS77.jpg)
Os cartazes aparecem por ordem cronológica. O comício com o secretário-geral do Partido Comunista Francês (
PCF) teve lugar em Novembro de 1974 e, como partido comunista de uma democracia ocidental, é certamente o
apoio mais aproximado dos três, antes das
controvérsias do eurocomunismo (1977) terem tornado os partidos dos países latinos do Sul da Europa ideologicamente
suspeitos. O
PCP teve que se virar para esse
farol ideológico que era o
PCUS da União Soviética (Maio de 1977) ou então para aquele
bastião da ortodoxia que era o
SED da Alemanha Oriental (Outubro de 1981).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn334VZMpQms6QTIR9wMzymgpbyZdIWqfHuMmhU4_L_IqXA9VEVmUPWEqgXXu3xbc2hD5hMMGGOi9X3b3-kk5aknn-sms2ASVp6VavBRKm08H_QjKUuA83YWPyZJUhUSeYSrEY/s400/PCPSED81.jpg)
Os cartazes mostram também a evolução estética ao longo desses sete anos. De uma simbologia e grafia mais primária associando a simbologia tradicional dos punhos cerrados, as foices e os martelos e as cores nacionais, o estilo parece encaminhar-se para uma maior sobriedade. E também para uma menor militância: os comícios passam do Pavilhão dos Desportos em Lisboa para a Casa da Cultura dos Trabalhadores da Quimigal no Barreiro... Mas, tão engraçado quanto os cartazes, vejam-se as fotografias daqueles que os partidos escolheram para os representar nos
Comícios de Amizade.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv2G1dtNu-vtQpKfvmzB_9ZXG2vXAzRzZ96sMPiOAbCN5qslzo6JTf5aawUjb_ag0lauT0yk1J4kLo5tf7HGi19zSWpRsO9sLvIa3L9Brp1C-C-2mFmoHovWDw7YgClt4dVNY0/s400/George+Marchais.JPG)
Aí, apesar da matriz ideológica comum a todos eles, percebia-se como a Europa estava culturalmente dividida por uma verdadeira
Cortina de Ferro. Acima,
Georges Marchais (1920-1997), que foi o secretário-geral do
PCF entre 1972 e 1994, era um político desenvolto, clássico, na tradição ocidental, habituado
a defrontar-se com uma informação que lhe era hostil. Mas os partidos comunistas que ocupavam o poder no Leste não podiam enviar representantes de igual
grandeza já que os dirigentes partidários do topo das suas hierarquias ocupavam também as funções principais do Estado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0VVC89bblN-CttTOdRLjp4pjOq2raRqh4UZxju9QTpk4d-18TJwhELvTm1Qnl5afRtg6iOkdxU3xft7607sarKhdn9ffuo5ey_W56EXs7r4ToCC1EDjpsAbk-yeSswP_Whh3W/s400/Vladimir+Dolguik.jpg)
Isso dava oportunidade a que os
apparatchiks sem proeminência como era o caso do russo
Vladimir Dolguikh (n. 1924 – e não Dolguih como, por lapso, aparece no cartaz) ou do alemão
Hermann Axen (1916-1992) aparecessem nos tais
Comícios de Amizade como se se tratasse de
camaradas muito importantes. As suas fotografias institucionais, transbordando
amizade e internacionalismo proletário (acima a do russo, abaixo a do alemão) possuem aquele
estilo neo-clássico marxista-leninista que ainda hoje deve deixar imensas
saudades na sede do
PCP na Soeiro Pereira Gomes…
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