23 abril 2016

ENTÃO NÃO ERA PORREIRO, PÁ, PORREIRO?!

«...veja onde é que nós chegámos. Onde é que a Europa chegou. Todos os acordos, todos os tratados que assinámos a partir daí, e o tratado orçamental e a união bancária levou a isto, a que tenhamos colocado nas mãos do banco central europeu, uma entidade não eleita, não apenas a regulação, não apenas a política monetária mas até isto: a política externa de um país. Porque o que é que está a dizer o banco central europeu quando diz a um banco como o BPI, olhe os senhores não podem ter uma exposição a partir de um determinado... valor em Angola. Está a dizer que um país não pode promover uma política externa, uma política económica com um determinado país porque a exposição de um banco a uma determinada economia é prejudicial.»

Na última entrevista que deu à Antena 1, José Sócrates faz o comentário que acima se transcreve (pode ouvi-lo aqui, a partir do minuto 13:00). Lamenta a forma como perdemos totalmente a autonomia de decisão. Subscrevo o seu lamento. Só que não me lembro em que circunstâncias José Sócrates terá feito tal inflexão de opinião sobre os benefícios e os perigos da construção europeia, desde o momento em Outubro de 2007 que recordamos, em que o vemos exuberante a felicitar-nos e a felicitar-se pelo Tratado de Lisboa mais o famoso Porreiro, pá, porreiro! trocado com Durão Barroso, assim como o cumprimento (não) dado a Luís Amado, seguido e substituído pelas imensas mesuras a todo o who's who europeu de então - o beijinho à Merkel não podia faltar... Querem ver que ele agora nos quer convencer que o progressivo estrangulamento da nossa autonomia de decisão pelos alemães por interpostas entidades comunitárias só começou depois de ele ter abandonado o poder em 2011? Podia ter sido contrariado, mas estas imagens mostram-nos que foi alegremente, com uma análise de curto prazo e exclusivamente centrada na sua pessoa, que Sócrates também contribuiu para o atoleiro em que estamos metidos. E, deixe-me que vos digaaaaa, com toda a sinceridaaade, o resto é uma grande treta.

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