Sendo preciso escolher um grande exemplo do trabalho como desenhador do recém-falecido Tibet (Gilbert Gascard), o autor das aventuras de Ric Hochet e de Chick Bill que faleceu há uma semana, então escolheria esta combinação de pranchas, a primeira (acima) na página inicial, separada por 12 páginas da segunda (abaixo) de uma aventura de Ric Hochet que se intitula
e que foi publicada em 1974. Naquelas primeiras 12 páginas decorre a primeira parte da aventura que acabava aparentemente solucionada apenas para ressurgir 35 anos depois em toda a sua verdade…
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvRE0-WHbj2Eq7e3JxbI6KLDc9g4P220ydfuHP6TiWkoljuCJr6LBHicq3bHLOKiAAGm7VnT4MQOwYApUY2eCTvfDfNv4pTuVSpiUhjHcnoJ9HO0nfEAZDZQYFAUkKov7UMx6E/s400/Tibet6.JPG)
O mistério era o
charme das aventuras de
Ric Hochet, um jornalista de
outras épocas, que nunca, ao longo das suas
76 aventuras, foi
apanhado por um desenho de Tibet a escrever um artigo para o seu jornal, o
La Rafale, embora esse pormenor não pareça incomodar os seus chefes já que ele ganha
suficientemente bem para possuir um Porsche (abaixo). Ric é um homem
com sorte noutros aspectos: tem uma namorada bonita com quem nunca se chega a casar, Nadine, que é a sobrinha do Comissário Bourdon, e durante as mesmas 76 aventuras nunca chega(mos) a conhecer os futuros sogros…
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Apesar da popularidade, suponho que a essência das aventuras policiais de Ric Hochet se devem muito mais à contribuição do argumentista
André-Paul Duchâteau do que propriamente à de Tibet, que se limitava a desenhá-las. Ao convencionalismo dos enredos policiais com um
herói solteiro e bom rapaz – onde, como nos
livros de Agatha Christie, depois dos clássicos iniciais, os enredos tenderam a repetir-se – Tibet aproveitou-se da sua liberdade de desenhador para criar piadas
à sua maneira, como a de fazer
participar o cantor Serge Reggiani (abaixo) como um dos
vilões numa das aventuras.
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![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUAoOdBKHY5Z_Eu53Rb6rPlwg4f1pMK0Qf6ajZIf19nsROOMkqNlWcXNmGuXxD6JmKswMcSwB70Duqwt9_77J8Sz44NLebtbCAfrBnNV1reGTIAVWw4llppYt8WsykcphmSFK9/s400/SergeReggiani.jpg)
Para encontrar aquilo que julgo ser a personalidade de Tibet é preciso ler as aventuras de Chick Bill, um outro herói da BD de que ele era também desenhador e também, na maioria das vezes, o argumentista. Chick Bill, que era um outro herói convencional que fora criado na década de 1950 para um publico mais infantil do que o de Ric Hochet, acabou depois por ter uma particularidade: veio a tornar-se numa personagem secundaríssima das aventuras que decorriam sob o seu nome. Era assim como o concurso
A Roda da Sorte, quando Hermann José o apresentava nos princípios da década de 1990…
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSNAQc2hevdUAoKxbKzuSGcaVMQohBcri_HMUKdTgpbcmWoUhqboTXRSGnEKeWZQvZsBuOrcmaRuo4tmOw_-8gtaoyQg3zRt6VYK7N3_2hfJRXZL2ASjOUtUdsaXPKlSbzoF11/s400/Tibet3.JPG)
Na gravura de cima vemos, da esquerda para a direita, uma personagem secundária e depois temos
Pequeno Caniche, o pequeno ajudante índio aparecido nas histórias iniciais de Chick Bill,
Kid Ordinn, o adjunto do xerife, o xerife
Dog Bull e o herói titular
Chick Bill. Como se perceberá até pela própria cena, os protagonistas passaram a ser o xerife
Dog Bull e o seu adjunto
Kid Ordinn, crismado
o ajudante de xerife mais estúpido de todo o Oeste (abaixo). Tanto ou mais que as duas pranchas iniciais do
poste, a dinâmica por ele criada para a parelha entre
Kid Ordinn e
Dog Bull, faz de Tibet um dos grandes autores da BD.
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