![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLLLy25-hawGlKQW9P55XLH_s612FHn1UTkJ1AXryTFAGCKjh6YpOOU1Tz01lO4ZiFq3_yp8lSnEBsb2qjIs0azBbNTJKIHrKSaLozWhb5xEeKttRuL6DGpr1XCk8EWfgrHuNJ3Q/s320/JozefTiso1.jpg)
A propósito de se ter escrito
mais abaixo sobre o
Arcebispo Makarios III de Chipre e do
Bispo Ximenes Belo de Timor-Leste, vale a pena recuperar dos arquivos menos conhecidos da História, a história de
Monsenhor Jozef Tiso (1887-1947), um padre nacionalista eslovaco, que dirigiu os destinos da sua nação independente durante o período da Segunda Guerra Mundial, num daqueles exemplos da sempre delicada mistura entre nacionalismo e religião.
Ficou a percepção, dominada pelo exemplo da Polónia e do Papa João Paulo II, como a religião, mesmo nos tempos da
Guerra-Fria, continuava a exercer uma profunda influência entre os povos da Europa de Leste, apesar dessa influência ser reprimida pelos vários regimes
socialistas. Essa percepção era verdadeira para uns casos, como o polaco, falsa noutros, como o checo. Na Eslováquia rural, Jozef Tiso foi um líder nacionalista que
calhou ser padre.
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Essa Eslováquia onde ele nasceu fazia parte do Reino da Hungria e este do
Império Austro-Húngaro. Em 1918, dirigentes checos (que fazia parte da Áustria) e eslovacos decidiram concertar-se para a criação de um novo país: a
Checoslováquia. O nível de entrosamento das duas nacionalidades era fraco, mas os nacionalistas eslovacos que firmaram o acordo, esperavam da aliança com os checos (mais poderosos) a protecção contra as ambições húngaras.
É que, como seria de esperar quando se traçam fronteiras onde as não havia, existia uma minoria de língua húngara que ficara a pertencer ao novo estado eslovaco, concentrada sobretudo no Sul do país, e que a Hungria pretendia recuperar. E como a Eslováquia era muito mais fraca do que a Hungria, era importante a existência de um protector. Durante cerca de 20 anos, a aliança funcionou. Em 1925, Monsenhor Tiso tornou-se deputado no parlamento checoslovaco e chegou a ser ministro.
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Os
acontecimentos de Setembro de 1938, em que a Alemanha, com a anuência da França e do Reino Unido, anexou as regiões checas onde a maioria da população era germânica, deixaram a Checoslováquia de tal forma enfraquecida que passado um mês
a Hungria tinha reocupado as regiões que cobiçava da Eslováquia meridional. Para Tiso, que se tornara então líder dos nacionalistas
*, a aliança com os checos deixara de ter sentido: trocou-a pela protecção da Alemanha.
A Eslováquia, sobre instruções alemãs, tornou-se instrumental para, proclamando a independência em Março de 1939, criar os pretextos desejados pela Alemanha para que ela invadisse e
ocupasse o resto da República Checa. Em Setembro desse mesmo ano, a mesma Eslováquia foi utilizada pelos exércitos alemães para invadir a Polónia. Para todos os efeitos, mesmo tendo sacrificado território nacional, a Eslováquia independente tornou-se um dos
satélites da Alemanha.
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A Alemanha perdeu a Segunda Guerra Mundial e a causa nacionalista eslovaca perdeu-a com ela. Em 1945, a Checoslováquia foi reconstituída, as minorias incómodas (
alemãs e húngaras) foram expulsas (1945-48), Monsenhor Tiso foi enforcado (1947) e o país foi
socializado num
golpe de estado (1948). Para o exterior,
checoslovaco tornou-se numa identidade cultural. Na
Primavera de 1968, era preciso que os
especialistas explicassem o significado
** de
Dubcek ser eslovaco...
A questão da independência eslovaca só se voltou a pôr depois da queda do Muro e concretizou-se no chamado
Divórcio de Veludo, em 1 de Janeiro de 1993. Mas as referências à Eslováquia que a antecedeu e aos que haviam sido os seus responsáveis políticos continuam hoje quase tão escassas como no período socialista. Embora a
Eslováquia seja um país pequeno e remoto, a figura de Tiso é mais desconhecida que a de Makarios III, e Chipre é ainda mais pequeno e mais remoto…
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Ao contrário do cipriota, Jozef Tiso não tem
ninguém que lhe visite a campa e preserve a sua memória. Pelo contrário, parece haver quem esteja interessado em que não se fale dele: desde os nacionalistas eslovacos modernos, para quem a associação da sua causa com o nazismo no passado é um incómodo, até à própria Igreja Católica, que não estará interessada em que se dê publicidade a um clérigo que, pouco espiritual, se notabilizou por ter dedicado a sua vida a uma causa bem temporal…
* Sucedendo a outro padre, Andrej Hlinka (1864-1938).
** Se algum houvesse…
Interessante o artigo, para quem acredita que a Igreja e a religião só produzem coisas boas e dignas de nota... aí tá um "belo" exemplo.
ResponderEliminarMorreu como todo nazista e seus capachos, devem morrer :Agonizando com a língua prá fora. E todo mijado. Religião com falso moralismo, junto com extremismo político produzem esse tipo de 💩.
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