Esta deve ser uma das expressões mais PC´s (politicamente correctas) da actualidade. Que me arrisco a estragar de seguida quando esclareço que a minoria a que me refiro é a das inglesas obesas que gostam e sabem fazer de comer.
A série de programas Two Fat Ladies, que entre nós passou apenas na TV Cabo, decorre numa imensidão de cozinhas por todo o Reino Unido, onde um par de senhoras, gordas, demonstra na prática que o gene da arte de bem cozinhar também existe, embora (muito) recessivo, na genética da cultura britânica.
O sucesso do programa vive muito da personalidade das suas duas protagonistas, especialmente da exuberância de Jennifer (a outra, mais discreta, chama-se Clarissa), a gorda morena que conduz a mota com side-car (é assim que elas se deslocam), com uns óculos de massa onde predominam umas lentes enormes que lhe ampliam os olhos até uma dimensão inusitada.
Quando Jennifer, que cozinha de unhas pintadas e anéis, num desdém manifesto pela assepsia de enfermagem das escolas tradicionais de cozinha, se vira para a câmara e se qualifica algum produto como sendo crispy (crocante) carrega de tal forma no r (crrrrispy), que quase faz o espectador ficar a saborear também a sua textura. Desta ou duma outra maneira, no fim do programa ficamos com uma sensação vaga de ter provado alguns dos cozinhados, sem saber bem como.
Sendo uma série de sucesso mundial que vai ao arrepio de um estereótipo (os ingleses não sabem cozinhar!), lembrei-me dela quando ouvi comentários críticos sobre a organização rígida, a pré-programação, o rigor dos horários de toda a campanha de Cavaco. Critique-se o homem à vontade mas não a (boa) qualidade da máquina que o rodeia.
Ou quer dizer que a tradicional rebaldaria portuguesa é virtude? Até pode servir para desculpar as desventuras da agora famosa maratona em canadianas de Sócrates* mas a desorganização e a falta de pontualidade não me parecem constar dos atributos do génio lusitano…
* Segundo a versão oficial, foi por causa disso que começou a falar em simultâneo com Alegre.
A série de programas Two Fat Ladies, que entre nós passou apenas na TV Cabo, decorre numa imensidão de cozinhas por todo o Reino Unido, onde um par de senhoras, gordas, demonstra na prática que o gene da arte de bem cozinhar também existe, embora (muito) recessivo, na genética da cultura britânica.
O sucesso do programa vive muito da personalidade das suas duas protagonistas, especialmente da exuberância de Jennifer (a outra, mais discreta, chama-se Clarissa), a gorda morena que conduz a mota com side-car (é assim que elas se deslocam), com uns óculos de massa onde predominam umas lentes enormes que lhe ampliam os olhos até uma dimensão inusitada.
Quando Jennifer, que cozinha de unhas pintadas e anéis, num desdém manifesto pela assepsia de enfermagem das escolas tradicionais de cozinha, se vira para a câmara e se qualifica algum produto como sendo crispy (crocante) carrega de tal forma no r (crrrrispy), que quase faz o espectador ficar a saborear também a sua textura. Desta ou duma outra maneira, no fim do programa ficamos com uma sensação vaga de ter provado alguns dos cozinhados, sem saber bem como.
Sendo uma série de sucesso mundial que vai ao arrepio de um estereótipo (os ingleses não sabem cozinhar!), lembrei-me dela quando ouvi comentários críticos sobre a organização rígida, a pré-programação, o rigor dos horários de toda a campanha de Cavaco. Critique-se o homem à vontade mas não a (boa) qualidade da máquina que o rodeia.
Ou quer dizer que a tradicional rebaldaria portuguesa é virtude? Até pode servir para desculpar as desventuras da agora famosa maratona em canadianas de Sócrates* mas a desorganização e a falta de pontualidade não me parecem constar dos atributos do génio lusitano…
* Segundo a versão oficial, foi por causa disso que começou a falar em simultâneo com Alegre.
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