27 de Abril de 1940. Cumpriam-se naquele dia doze anos que Salazar assumira a pasta das Finanças e no dia seguinte era o dia do seu 51º aniversário. Como se de uma prenda de aniversário antecipada se tratasse, o Diário de Lisboa, mesmo tomado por um jornal que não seria muito conivente com a situação, reservava quase uma metade do espaço nobre das páginas centrais daquela edição a uma apreciação muito positiva do que havia sido essa dúzia de anos de administração financeira do presidente do Conselho. Pelo que se pode subentender do gesto e da magnificência do elogio, por esta época, e considerada a volatilidade da situação política internacional (a Segunda Guerra Mundial em curso), haveria um certo consenso em preservar a situação política vigente, apesar dos poderes de que Salazar se viera a apropriar. Costuma dizer-se com ironia que Salazar era presidente de um Conselho de Ministros que nunca se reunia. Sempre foi verdade, mas importa esclarecer que em Abril de 1940 essas reuniões ministeriais seriam relativamente supérfluas pois, para além de presidir ao Conselho (desde 1932), Salazar acumulava as pastas importantes do Ministério: a das Finanças (1928), a dos Negócios Estrangeiros (1936) e a da Guerra (1936). Salazar sozinho protagonizava aquilo que hoje os jornais denominariam por um Conselho de ministros restrito. Mas isso, claro, não era evocado nesta página acima...
O que aparecia evocado, e isso já é um pormenor colaterar ao conteúdo essencial deste poste, é uma notícia de uma cerimónia que se enquadrava nas homenagens a Oliveira Salazar e que tivera lugar no quartel do Carmo, sede da Guarda Nacional Republicana (GNR). Tratara-se do descerramento de dois retratos, um do chefe do governo (Oliveira Salazar) e o outro do ministro da tutela (Mário Pais de Sousa). Nomeados pela notícia, encontramos naturalmente o comandante da corporação, o brigadeiro Monteiro de Barros, que proferiu o discurso que abaixo se pode ler, o coronel seu adjunto, mais dois tenente-coronéis, quatro majores, um capitão e... o tenente Spínola. Já aqui falámos da popularidade precoce do futuro marechal. Voltamos a encontrá-la, cinco anos mais cedo, a essa predisposição de António de Spínola, mesmo ainda oficial subalterno, para não passar desapercebido.
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