Esta parece ser a edição de Abril do tradicional artigo alarmista, de fundo vagamente científico, que o Observador começou a publicar desde que se declarou a pandemia. A versão do mês passado, que foi publicada a 15 de Março, era, recorde-se, da autoria de um senhor matemático chamado Jorge Buescu e preconizava o apocalipse até ao fim daquele mês. E depois não houve apocalipse. Embora o Observador não tivesse procedido ao fact-check das profecias do Bandarra previsões do Buescu (como se imporia!), a demissão da função do jornal em escrutinar o que havia de verdade naquilo que publicara não impediu, por isso, que a reputação de Jorge Buescu tivesse colapsado ao nível da reputação de um Vítor Gaspar - só que em apenas um mês. Em suma, Buescu foi descartado para reciclagem pelo Observador e, para a edição do artigo assustador deste mês, foi substituído por um senhor chamado Pedro Caetano que, depois do matemático, é um epidemiologista que também é muita bom: ainda não nos explicou ao que vem e já nos atirou com Harvard e Oxford para cima da mesa. O que estes artigos têm de bom é que estão cheios de gráficos, mas não é preciso interpretá-los porque a conclusão está logo no título: Portugal é um dos países mais perigosos do mundo na Covid-19 (!). A partir de tal evidência, entra José Manuel Fernandes a aproveitar-se do assunto e a esclarecer o leitor dois artigos mais abaixo porque é que a culpa é do Costa; a culpa do Costa é o axioma do Observador, o único aspecto verdadeiramente científico daquele jornal. A questão do Covid é que nem por isso... e por isso nem merece a pena ler aquilo que escreve o fármaco-epidemiologista de Harvard e Oxford: sabe-se lá se ele em 15 de Maio ainda estará a escrever para o Observador?... A questão é que as pessoas têm acompanhado os dados da evolução da pandemia e o que acontece por cá quando em comparação com os outros países (algo que não exige propriamente conhecimentos de engenharia aeroespacial ou física quântica). Portanto as reacções de acolhimento ao que está lá escrito têm-se dividido entre as científicas (porque é que eu tenho que rever tudo aquilo que se concluiu até agora?) e as teológicas (esta é que é a verdadeira demonstração de que Portugal é sempre a mesma merda de sempre!).
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