É provável que o leitor já se tenha esquecido, mas há umas meras doze semanas, o grande cabeçalho noticioso a respeito da expansão do coronavírus é que ocorrera a primeira morte fora da China. Mas nesse hiato de tempo, a doença terá sido tão bem dominada no país onde começou, que há onze dias que ninguém lá morre... A China conta com mais de 1.400 milhões de habitantes, mas a a pandemia está oficialmente controlada. Outros países onde ela se está a registar deparam-se com mais dificuldades em controlá-la: em Espanha, por exemplo, que tem 30 vezes menos população do que a China, mostra-se satisfação por terem morrido tão poucas pessoas nestas últimas 24 horas - mas, mesmo assim, houve 288 mortos. Mas na China, recorde-se mais uma vez, há onze dias que não morre ninguém. Deixemo-nos, porém, de continuar com estas ironias, porque de nada vale criticar o comportamento das autoridades chinesas mais as imbecilidades que nos tentam impingir. Como acontece com qualquer autoridade, já de há muito se percebeu que elas têm uma relação muito pouco saudável com a Verdade. Em tese, todas as autoridades a terão, mas eles, porque são uma ditadura, têm-na mais e permitem-se ira a outros extremos para a condicionar - à Verdade. Numa ditadura, as mentiras as ditaduras tendem a ser muito mais grosseiras*. É por causa disso que a imprensa chinesa não usufrui de qualquer grau de liberdade. Mas a Agência Lusa não é chinesa. Portanto, quando a vemos a emitir notícias que, sendo oficiais, são tão obviamente falsas que são ridículas, tenho uma certa dificuldade em perceber qual é o papel de agências como a Lusa nos dias que correm. Caixa de ressonância? Amplificador de som? Uma espécie de organização-alibi sobre a qual se pode descarregar a responsabilidade da publicação das aldrabices?
* Já deu para reparar que é o facto de as mentiras da administração Trump costumarem ser tão grosseiras que nos induz a reagir instintivamente como se os Estados Unidos vivessem sob uma ditadura.
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