13 de Dezembro de 1959. Num Chipre que ainda estava submetido ao poder colonial britânico têm lugar as primeiras eleições para o cargo de futuro presidente cipriota. Defrontaram-se: de um lado um prestigiado advogado de 72 anos chamado Ioannis Clerides, antigo presidente da câmara de Nicósia e que renunciara ao cargo por causa das suas posições anti-britânicas; apoia-o uma união de esquerda onde predomina o partido comunista cipriota, o AKEL; do outro lado está um outro campeão da luta contra a tutela britânica, o prelado que dirige a igreja ortodoxa cipriota, o arcebispo Makarios III, de 46 anos. Foi este último o vencedor, recebendo cerca de 67% dos votos (144.500 votos), conforme se consegue depreender do cabeçalho da edição deste jornal cipriota daquela época. Este enfrentamento de um religioso contra um progressista é o que de mais parecido consigo encontrar com a rivalidade do padre Don Camillo e do seu rival comunista Peppone, na obra de Guareschi, depois popularizada no cinema (abaixo). Os dois rivais eram, respectivamente, o cura da paróquia e o presidente de uma autarquia rural do Norte de Itália, nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Só que Makarios foi um político astuto e nada parecido com a personagem simpática de Fernandel. Regressando à realidade de Chipre, esclareça-se que o presidente-arcebispo Makarios III teve que esperar oito meses até tomar posse do cargo, quando da independência da ilha (16 de Agosto de 1960). E permanecerá nesse cargo - salvo um interregno de cinco meses em 1974 - até à sua morte em 3 de Agosto de 1977.
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