06 dezembro 2015

AS ELEIÇÕES QUE TÊM RESULTADOS MORALMENTE BONS... E AS OUTRAS

O destaque noticioso dado por certos órgãos de informação às eleições legislativas de hoje na Venezuela permitem pelo menos obscurecer a atenção que possa ser dedicada às eleições regionais francesas que irão ocorrer no mesmo dia. A causa para tal não deverá ser por causa da importância e interesse relativos que os dois países nos merecem: estamos indiscutivelmente muito mais interessados no que acontecerá em França do que com aquilo que se passará na Venezuela. Uma explicação mais plausível para essa hierarquização mediática poderá radicar nas consequências do acto eleitoral: as primeiras eleições são legislativas enquanto as outras são apenas regionais. Mas eu arrisco-me a uma terceira explicação para o fenómeno: nas eleições venezuelanas antecipa-se um resultado simpático (a derrota do regime populista de esquerda de Nicolás Maduro) para os órgãos de informação que assim hierarquizaram as notícias; mas nas eleições francesas (com o previsível reforço da votação da Frente Nacional de Marine Le Pen) os resultados prevêm-se bem menos simpáticos. A Frente Nacional é uma outra direita, dura, nacionalista e tudo aquilo que pareça mostrar o reforço do nacionalismo das nações sufragado pelo voto popular não parece ser encorajado noticiar pelos poderes europeus that be. Tanto assim que o referendo que a Dinamarca realizou esta semana, em que os eleitores daquele país se pronunciaram contra a adesão às políticas comunitárias em matéria de justiça e polícia, passou praticamente desapercebido. Esta será apenas a expressão mediática deste novo conceito democrático de qualificar as eleições por aquelas de que resultam bons resultados, separando-as das outras que, no limite e quando as consequências são mais gravosas, até há que repetir...

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