26 abril 2014

O FUNERAL DE WINSTON CHURCHILL

30 de Janeiro de 1965. A fotografia (que pode ser ampliada clicando sobre ela) mostra-nos as personalidades presentes nas cerimónias do funeral de Estado de Winston Churchill, falecido aos 90 anos. A presença ali da rainha Isabel II (1) é uma ruptura do protocolo da corte britânica (protocolo esse que, como já foi explicado aqui neste blogue, só passou a ter importância a partir da época vitoriana – 1837-1901). Segundo constava, nunca um antecessor de Isabel II havia estado presente nas cerimónias fúnebres de um seu súbdito comum (i.e., que não fosse nobre), por muito que tivessem sido os contributos do defunto em vida para a glória do monarca. Mas Winston Churchill, que nunca quisera ser nobilitado em vida (honra que o obrigaria a transferir-se da Câmara dos Comuns para a dos Lordes, por isso para longe da acção política), era motivo mais do que suficiente para esta clamorosa excepção protocolar.

Duas notas adicionais para dois estrangeiros que se destacam na paisagem da cerimónia. Kwame Krumah (2), então já presidente do Gana e facilmente identificável pela sua indumentária da gala típica(e desafiadora)mente africana (estava-se a meio de um inverno europeu...). Primeiro dirigente de um país africano negro a alcançar a independência (1957), ainda não sabia que estava a cerca de um ano de ser deposto do poder num golpe militar (Fevereiro de 1966). E Charles de Gaulle (3), presidente de França e facilmente identificável pelo seu quépi no alto do seu 1,94 metros. O início da sua relação com o defunto remetia para os dias difíceis do Verão de 1940, os mais angustiantes da Segunda Guerra e de uma relação que, aliada e de estima, nunca fora desprovida de incidentes. Amigos, amigos, negócios à parte: ainda dois antes, de Gaulle vetara a admissão do Reino Unido à CEE e tornaria a fazê-lo dois anos depois.

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