
Ora deu-se a coincidência que, de forma encadeada e em dois programas consecutivos tenham vindo à discussão assuntos sobre os quais Lobo Xavier assume posturas de um observador casual e desinteressado do assunto, como acontece com os restantes assuntos, quando isso talvez não corresponda rigorosamente à realidade. No primeiro caso, o do livro de Carolina Salgado e das acusações nele contidas ao presidente portista, Jorge Nuno Pinto da Costa, mais do que um fervoroso adepto, António Lobo Xavier é membro do Conselho Consultivo, o prestigiado e restrito órgão dirigente dos corpos sociais do FC Porto SAD.
É evidente que até haverá quem possa ser, entre as figuras públicas, ainda mais faccioso na análise daquela questão, basta lembrarmo-nos da de Miguel Sousa Tavares que, sem ser do Conselho Consultivo, mesmo assim dá conselhos – que Pinto da Costa se devia demitir – embora sejam para não serem seguidos. Contudo é evidente que a coabitação dos dois (presidente e conselheiro) num mesmo órgão de cúpula do FC Porto SAD é objectivamente limitativo daquilo que Lobo Xavier possa opinar sobre o assunto e era algo que lhe competiria evidenciar quando opinasse. Se calhar, esqueceu-se.
Mas este foi, evidentemente, um assunto menor – só mesmo em Portugal os assuntos associados ao futebol atingem as proporções que atingem – quando comparado com o desta semana, referente às apreciações sobre o pedido governamental à opinião de cinco juristas de nomeada sobre a constitucionalidade da lei das Finanças Locais. As opiniões de Lobo Xavier naquele programa sobre a razoabilidade do procedimento governamental contêm o distanciamento equivalente ao de um hipotético taxista instado a dizer o que pensará sobre os transportes públicos individuais: é que Lobo Xavier foi um dos juristas a quem o governo encomendou um desses pareceres…
Serão daqueles casos em que julgo que o mais correcto seria nem fazer quaisquer declarações de interesses. Devia fechar-se a boca e passar-se adiante para preservar a sua própria credibilidade para o futuro, ao mesmo tempo que se evitariam fazer figuras tristes no presente…É que, neste caso, até se chegou a ganhar um certo destaque ao lado de colegas de elenco que, como vimos ao princípio, projectam uma imagem mediática muito mais poderosa do que a sua… Mas se, pelo contrário, a questão tiver sido de busca de notoriedade, então António Lobo Xavier estará de parabéns. Venham outros pareceres!...
Os parceiros da "Quadratura" parecem querer dançar o tango dos barbudos. Três em cada quatro usam barba, havendo a curiosidade de vermos um Coelho que já não tem e um Lobo com recente pêlo hirsuto.
ResponderEliminarE esta, hem?