29 maio 2006

A OESTE NADA DE NOVO

O clássico livro de Erich Maria Remarque data de uma época em que os relatórios eram sóbrios e apenas narravam o que acontecia, não o que poderia ter acontecido ou o que especulativamente poderia vir a acontecer.

Se algum excesso houvesse era por defeito, como o do relatório do dia de Outubro de 1918 em que morreu o herói da história, quando o comunicado do Estado-Maior dos Exércitos alemães assinalou que naquele dia não havia nada de novo na frente ocidental.

Nestes últimos dias, pelos Orientes de Timor, tem havido muitas coisas novas, embora os tempos tenham mudado e a sobriedade de outrora tenha desaparecido. Depois do grandioso espectáculo - envolvendo também os partidos - à volta da decisão de enviar um contingente da GNR para Timor, ficamos a saber hoje, por António Costa, que o embarque das forças é lá mais para o fim da semana.

Terá sido só ingenuidade minha ou há quem compartilhe a minha sensação que todo aquele frenesim decisório da semana passada pressupunha uma outra celeridade na rapidez da deslocação da GNR para Timor, dada a dificuldade das condições vigentes naquele país?

Eu bem sei que estes embarques não se desencadeiam assim do pé para a mão (nem todos são tão despachados como os australianos…), mas arranjando uma semelhança com uma enrascada doméstica à nossa pequena escala, eu é que não queria estar na posição de Timor, com uma fuga de água há vários dias, uma inundação em casa, sem poder tomar banho e com os vizinhos de baixo a queixarem-se.

Bem vistas as coisas, usando esta última comparação, António Costa parece o gerente de uma daquelas empresas rascas de SOS para problemas domésticos, com uma apresentação espectacular nas páginas amarelas, um atendimento telefónico impecável e um elemento de piquete que só aparece uns cinco dias depois…

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