20 julho 2019

O ATENTADO

20 de Julho de 1944. Atentado contra Adolfo Hitler. Uma pasta carregada de explosivos é deixada por um dos conspiradores na sala de conferências onde este recebia os seus generais. Quatro destes morrem, mas não o principal visado. O atentado era para ser acompanhado de um pronunciamento militar, que foi facilmente desmantelado a partir do momento em que os conspiradores constaram que o objectivo principal - a morte de Hitler - falhara. Mas o acontecimento não pôde ser abafado e desfez a imagem de uma Alemanha unida, que a propaganda alemã (mas também a dos aliados) forjara para efeitos de propaganda de guerra. O fracasso da conspiração foi mau para a saúde dos conspiradores mas foi bom para a sua reputação histórica porque não tiveram que se confrontar com a realidade da consequência do seu acto. Golpes político-militares como estes, a antecipar o colapso iminente de regimes em guerra, raramente têm impacto significativo no desfecho final dos conflitos (lembre-se do golpe de Casado a precipitar o fim da guerra civil espanhola), além de não melhorarem a capacidade negocial dos novos poderes junto dos inimigos. Numa especulação contrafactual o sucesso do putsch poderia ter encurtado a Segunda Guerra Mundial de alguns meses, mas não teria evitado a divisão da Europa nas mesmas duas grandes esferas de influência do pós-guerra. Acontecendo como aconteceu, o episódio veio a revelar-se mais importante depois do fim da guerra do que durante a mesma, para uma utilização política que dissociasse os alemães em geral e o regime do III Reich: ao contrário do que a propaganda de guerra fizera crer, nem todos os alemães haviam sido nazis...

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